24 de Junho (24/06/2007)
Numa tarde como esta te perdi
Olhavas nos meus olhos enquanto fugias de mim
A palavra dura perdida entre a voz macia
A frieza do Adeus na mão que acaricia
Foste embora fugidia
Como a lágrima que envergonha e alivia
O amargo do sal para sempre em seu gosto
Cobrindo de sombras meus sonhos e meu rosto
Foste e apenas foste
Lançaste-me indefesa à voraz solidão da noite
Como barco arrojado foste em busca de novos portos
Buscando águas mais profundas na intimidade de outros corpos
E como o Sol se põe no horizonte
Também o riso se pôs no meu coração
E como a Escuridão envolve a noite
Também a treva engoliu meu coração
Na agonia das horas vazias
Apenas a lágrima é fiel companhia
Frígida e fria
Amargo - na alma e na língua
Foste. Apenas foste
Era o melhor mas não o bastante. Era tudo e ainda pouco
O grito quis sair mas fraquejou, num último suspiro rouco
Algoz sádico e sagrado, como a loucura de um louco
Foste.
E na sua ausência é como se nunca houvesses existido
E tudo estaria providencialmente esquecido
Não fosse o Amor que ainda te sinto
Mas
Foste.