Lágrimas frias

Há na noite, algo que me tortura

É um periférico medo da escuridão

Entre outras coisas, é uma saudade impura

De alguns momentos sem ocasião...

~

Porque ao me deitar, tu estás ao meu lado

Mas é como se não estivesse

Permanecendo no teu canto calado

Num ato que também me emudece...

~

Eu queria poder ler a tua mente

E desnudar um pouco do teu espírito

Queria sentir até o que tu sentes

E fazer uma analogia de nossos transcritos...

~

E lá eu poderia ler em letras esguias

O que em palavra o tempo cessou

Derrubando as minhas lágrimas frias

Sobre o papel, que lentamente borrou...

~

Eu peco em chorar pela falta de teu sorriso

Mas clamo há ele com sinceridade

Então eu te pergunto: - O que preciso?

Para voar novamente em tua liberdade...

~

Quantas lágrimas frias vou ter que derramar

Para te ter novamente presente?

Não adianta estar aqui, se não puder me escutar

Que diabos te faz ser tão ausente?

~

Qual o beco que te prendera, e não lhe deixa sair

Se mudo está agora, mudo não vai mais ficar

Pois enquanto minhas lágrimas deixares cair

Alguma coisa terá que me explicar...

~

Considere-me, se isso lhe valer a pena

Deve ter algo a dizer, preciso de explicações

Antes que essa ferida vire uma gangrena

Fazendo parar o amor entre nossos corações...

~

Assim não me verá mais na sua noite vazia

Surrada, e batendo a porta da melancolia

Ao perceber que sua presença aos poucos se abduzia

Ao derrubar por ti, a minha ultima lágrima fria

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 13/10/2005
Código do texto: T59298