Idos

O trem da alegria pegou carona no tempo

e foi embora numa viagem sem volta.

O corre-corre das brincadeiras infantis

se perdeu nos corredores dos anos.

O riso impresso nos retratos silenciosos e pálidos

transcende o tempo e trespassa meus ouvidos

Suspensos atrás de uma porta qualquer

estão as perguntas sem respostas,

O tempo no lugar indevido,

o tombo diário, o sono interrompido,

o brinquedo quebrado e o choro sentido,

a volta da escola com grande alarido,

o passeio no parque enchendo o domingo.

Dias inteiros consumindo sorrisos.

A porta bateu e o sonho acabou.

O menino cresceu e o homem partiu.

O serra-serra, já cerrou.

A bota do gato sumiu.

A marcha do soldado terminou.

A bela para sempre dormiu.

Quem foi se esconder não voltou.

Da brincadeira saiu.

A roda ficou sem ninguém.

A ciranda só deu meia volta

e a cirandinha também.

O cavalinho de pau se perdeu do menino,

fugiu assustado, num trote cansado,

Desiludido... claudicante... tíbio ...

Luzineti Espinha
Enviado por Luzineti Espinha em 25/04/2017
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