Aos pedaços...

Meu peito agora rasgado

Respira pela dor descompassado...

Tua negação ao que eu sinto

O punhal que me feriu

E o sangue tal vinho tinto,

A taça que você me serviu...

Tu, bela, clama tanto por liberdade,

Mas faz-me refém tal a tinta de uma tela...

És livre, eu bem sei, é a tua verdade...

Mas por que me colocaste à ferros nesta cela?

Por favor, liberte meu coração,

Deixe-o fugir dessa prisão

Que representa teu doce ser...

Faça-me esquecer tua voz, teu perfume,

Não me deixe aqui à sofrer...

A areia do deserto teria ciúme

Dessa solidão que me impuseste...

Passa-me por piedade nesse teste,

Desfaça esse nó em minha garganta,

Não sei se isso me adianta,

Mas me faça perder a ilusão

De ter um dia o seu coração

E, por amor, devolva aos meus braços

Meu coração mesmo aos pedaços...

Sandro La Luna