QUE TEMPOS

QUE TEMPOS

Gostaria de falar de flores

Mas os tempos são de dores

De primaveras adiadas

De tristes jornadas

Em caminhos árduos

Cheio de pedras pontiagudas

Em que mudas

Não florescem ou frutificam

Morrem de inanição

De humanidade

E a desumanidade

Campeia e é campeã

Da existência vã

Sem sentido algum

Sem valor nenhum

Glorifica-se o mal

Torpedeia-se o bem

E morre-se sem querer

Sem saber

Por que de tanta violência

De tanta maledicência

Se aqui a passagem é fugaz

E deveria transcorrer em paz

Mas a raça

Inviabiliza a graça

E tonitrua a desgraça

Que segue crescente

No mundo descrente

De harmonia

De compaixão

De solidariedade

Da verdade

De que aqui estamos

Em nobre missão

E não para sofrer contratempos

Em tão curto tempo

Em que respiramos

Ares ainda respiráveis

Mas com tendência a irrespiráveis

Pela desigualdade que pregamos

Em nome do progresso

Exclusivamente material

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 15/07/2017
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