DESAPEGO

Afasto as mágoas, encosto-as num canto,

e, depois de um sofrido pranto,

deixo escoar as lágrimas finais.

Afinal, moléculas lacrimais, entedia

muito mais do que alivia.

Os amantes, principalmente os poetas,

apaixonados, enunciam metas

de um futuro duvidoso.

E, quando, receoso,

percebe a ilusão dos fatos,

se enreda em atos

que lembram momentos felizes,

ao invés de incluir nas diretrizes,

o momento atual, que é decepcionante.

Mas, vá. Há muito, tudo acabou.

Nada sobrou.

A não ser o que a poesia,

em momentos tantos, retratou.

E, se ficou o verso,

nem tudo foi desperdício...

Pois com ele, certamente,

nascerá um novo início.

Eliezer Ávila
Enviado por Eliezer Ávila em 10/08/2017
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