Areia*
Areia*
Foi assim como o mar batendo nas pedras
espumando em silenciosos versos
coisas que só nós dois sentíamos
De modo violento ... suave
como quem vem ao encontro sem saber
e vai embora da mesma forma ...
Naqueles momentos tudo era tão palpitante
quanto o próprio vento
Não saber ... só sentir
Isso chama-se amor ... cegueira
Esquecemos que a calmaria é o anjo que anuncia
tempestades
Descuidamos das flores desistindo de nós
Sobrou pouco... muito pouco...
Quase arrisco uma pequena dor como
consolo; ponte
Ainda sinto teu olhar respirando sobre
o azul inconstante
cuja embarcação naufraga frágil dia após dia
Há também um resquício de saudade cutucando a
carne
em sinal da banalização das emoções
Agora retorno ao meu porto
sem nenhuma imagem verdadeira
...Onde estão os castelos que eu mesma
construí?...
Lúcia Gönczy