Maldição: Anjo

Nasci humano

Com corpo humano

Defeitos humanos

Num mundo mundano

Cresci inocente

Descrente, desconsciente

Apenas amado pelos pais

Nada mais

Olhava para o lado

Via aquela menininha

A da sala, a mais bonitinha

E eu, sem graça

Queria falar

Queria me expressar

Mas como falar

Sem um tolo ficar?

E assim segui a vida

Ao lado olhar, admirar

Mas sem saber me expressar

Quando me expressava, afastava

Aquela a quem queria amar.

Já houve outras que aceitaram

Já houve outras que tiveram de mim o melhor

E essas mesmas me rejeitaram

Sem dizer o motivo

Sem dar razão.

E hoje, mais uma vez,

Vivo novamente esse conflito

Olhar para quem meu coração pulsa

Mas como homem encontrar repulsa.

Por causa dos bons atos

Por causa do jeito pacato

Apenas ser olhado

Como um anjo de fato.

Não pedi esse título

Não me vejo assim

Queria que me visse como homem

Assim como te vejo uma grande mulher, para mim.

Assim termino essa poesia

Vou beber, me entreter

Me abster desse mundo

Para quem sabe, lá no fundo

Ser um homem, enfim.

Fi Braga
Enviado por Fi Braga em 24/11/2017
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