Maldição: Anjo
Nasci humano
Com corpo humano
Defeitos humanos
Num mundo mundano
Cresci inocente
Descrente, desconsciente
Apenas amado pelos pais
Nada mais
Olhava para o lado
Via aquela menininha
A da sala, a mais bonitinha
E eu, sem graça
Queria falar
Queria me expressar
Mas como falar
Sem um tolo ficar?
E assim segui a vida
Ao lado olhar, admirar
Mas sem saber me expressar
Quando me expressava, afastava
Aquela a quem queria amar.
Já houve outras que aceitaram
Já houve outras que tiveram de mim o melhor
E essas mesmas me rejeitaram
Sem dizer o motivo
Sem dar razão.
E hoje, mais uma vez,
Vivo novamente esse conflito
Olhar para quem meu coração pulsa
Mas como homem encontrar repulsa.
Por causa dos bons atos
Por causa do jeito pacato
Apenas ser olhado
Como um anjo de fato.
Não pedi esse título
Não me vejo assim
Queria que me visse como homem
Assim como te vejo uma grande mulher, para mim.
Assim termino essa poesia
Vou beber, me entreter
Me abster desse mundo
Para quem sabe, lá no fundo
Ser um homem, enfim.