Que Seja o Fim

Estraçalha meu peito

rasga-me entre seus dentes.

Já não me possuo.

O que me restou

foram as sobras

dos seus próprios restos.

Escrevo com dedos

que há tempos

se perderam.

Ouço cansadas batidas

de um coração que,

embora bata melodicamente,

não o entendo como meu.

Faça, acima de tudo

de mim

o que quiser

porque já não me reconheço.

E se me permite perguntar

quem vai carregar o fardo

de alguém que não sinto mais ser?

O meu sopro é de conformidade

e o vento que se propagava em mim

apenas sacode meu ego falido.

Negar a derrota é estupidez

então leve o que há de mim

como prêmio por sua insensata vitória

— manipulação também é trapaça.

Esqueci

meu nome

meus versos.

Sua possessão

me tirou

a humanidade.

Que agora seja

como o próprio diabo desejou:

o meu fim é esta podre e fétida carcaça.

Nicoly Diniz
Enviado por Nicoly Diniz em 28/02/2018
Reeditado em 28/02/2018
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