Que Seja o Fim
Estraçalha meu peito
rasga-me entre seus dentes.
Já não me possuo.
O que me restou
foram as sobras
dos seus próprios restos.
Escrevo com dedos
que há tempos
se perderam.
Ouço cansadas batidas
de um coração que,
embora bata melodicamente,
não o entendo como meu.
Faça, acima de tudo
de mim
o que quiser
porque já não me reconheço.
E se me permite perguntar
quem vai carregar o fardo
de alguém que não sinto mais ser?
O meu sopro é de conformidade
e o vento que se propagava em mim
apenas sacode meu ego falido.
Negar a derrota é estupidez
então leve o que há de mim
como prêmio por sua insensata vitória
— manipulação também é trapaça.
Esqueci
meu nome
meus versos.
Sua possessão
me tirou
a humanidade.
Que agora seja
como o próprio diabo desejou:
o meu fim é esta podre e fétida carcaça.