PONTO DA SITUAÇÃO
Na puta desta vida
Permaneço à sombra
Da congruência humana
Subsisto sob o olhares
Inquisitoriais
Dessas damas de quintais
Que paparicam preceitos
E se enfeitam de doces e lantejolas
Ardentes à vista simples
O ser marginal e decadente
Que se masturba insistentemente
Só preocupado com o movimento
Mais rápido ou mais lento
Não é nada inferior
A mim
A mim
A mim que agoniza
Sob o cheiro da vida indecisa
Sem que dita luz
Se possa discernir
Ao fundo do túnel
Nítida, clara e pura
Sem que haja pena de pouca dura
Que passe à vista de um rosto
A mim a vida é-me dada
Com a sua miséria total
Não tendo senão como alegrias
Os céus, a terra e as maresias
Que me enchem a alma maltratada
De alegria e abismo
A todos os daltónicos me adereço:
Não pense que vêem a vida
De maneira diferente
A merda é sempre igual
Idependentemente da cor que aparente (PONTO)