Eu morro em cada letra que escrevo

Quem pode achar-se necessário para este mundo?

Quem pode achar um motivo verdadeiro para viver

Um motivo real

Que não seja um sonho

Que NAO seja algo sempre à frente, no futuro...?

Quem pode encarar a própria alma sem desesperar?

Quem pode ver o que passou sem se arrepender,

Quem pode andar sem tropeçar

Em sonhos, aqueles sonhos que se deixou morrer?

Quem não viu num rosto novo uma possibilidade?

De se encontrar, de sonhar de novo, de ter outra

Vida... para depois morrer novamente?

Sim, por que ninguém vive, todo mundo morre...

E morre-se muitas vezes,

A cada vez que se ama...

Amar. Está amando é está vivendo,

É andar sem se dar conta da estrada,

É esquecer, esquecer o mundo e o povo,

Mas principalmente a si mesmo...

A morte vem quando nos deparamos sozinhos,

Sem ninguém a receber o nosso amor

Sem ninguém que posso esconder a nossa dor...

Quem pode achar-se necessário para este mundo?

Quem é tão forte que consiga resistir à solidão

Sem enlouquecer?

Quem é tão forte que não tenha nenhuma cicatriz

No coração? Quem? Quem?

Quem é tão importante

Cuja falta faça com que o mundo deixe de ir adiante?

Eu morro em cada letra que escrevo

Em cada verso vai uma parte de mim

E assim vou me desfazendo aos poucos

Para não espantar ninguém com o meu fim...

Assim um dia vai chegar

E olhos ainda brilhantes não me verão

Mas meus versos estarão gravados

E neles o tamanho de minha solidão...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 07/09/2007
Código do texto: T643060
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