Às flores que nao brotaram

Com as mãos no bolso,

com os pés descalços,

tanto gritei que mal ouço,

o ruido dos teus passos.

A desilusão como troféu...

O vazio da misercórdia...

O gosto amargo do mel...

Os pensamentos em custódia.

Com a mente distante

e as pernas cansadas.

Pregado no instante

com as verdades cruzadas

maldigo o teu nome,

grito ódio ao vazio.

O vazio de quem tem fome

ao leito de um seco rio.

Às flores que não brotaram

adeus... ao dia tão frio.

Aos que do inferno não me salvaram,

os digo : eu prefiro esse vazio!

Com as mãos no bolso,

e o coração aberto.

Um passo lento, pereçoso,

num longo caminho incerto.

Luiz