Laço desfeito

Rápida como um raio passaste por mim

mas não fugaz às minhas retinas.

Com zelo e sublimidade

te instalei em minha vida;

um amor nasceu como brisa,

depois viveu em tempestades,

calou-se às calamidades

até findar-se em ruínas.

Planjo veraz meu lamento:

Não foi de fios caricatos

que bordei meus sentimentos

nem foi somente de azuis

que colori minha emoção.

Desbotado desse tempo

qual um sol frio no final...

Sobraram as palavras,

que mais que mal-interpretadas

nublaram teus pensamentos,

destituíram o respeito,

deformaram a razão,

anularam tua querença

com o laço que foi desfeito.

E em mim, ficou a solidão,

meu amor não se esvaziou

e esta foi minha sentença.

Nada mais importa...

perdido o regaço, um aceno de adeus.

Pus-te em prisão em meus sonhos,

mas teus passos e teus braços

divergiram aos meus;

meu hoje ainda é tristonho,

minhas horas andam todas mortas,

não sei desapaixonar;

saudades tuas ainda batem à porta.

Beto Acioli

18 de novembro de 2015 às 07:45 · Recife