Confissão Anônima
Longo e infindável amor que no peito inflama
Ao sentir-te derramo a última gota
E nos recônditos da saudade relembro a doce chama
Que é glória de quem a tem
E miséria de quem a ama.
Grande e egoísta amor que no pensamento existe
Sendo impossível tocar-lhe e não sorrir
Vê-lo e não ser triste,
Já que sei que logo vais sem saber se me retornas.
Olhe, meu senhor, para esta humilde serva
Do cimo de sua altivez
Do cima em que estás agora
Tenha piedade do que a vida a mim reserva.
Todo dia e todo instante
Vivo o sono que me falta
Velo a dor da sua ausência.
Não sejas tão inconstante,
É necessário que retornes
É mais que precisa a sua presença.
Venha, meu querido, venha sem demora.
Sem piedade, veja o fim de quem te ama.
Junte o mal e o bem,
E do que com a vida se vive e com a morte perdura.
Jogue os restos da saudade e a melancolia demente
À beira da sepultura.