O coágulo metafísico

Não mais a raiva que outrora me impelira,

Nem o desejo de vingança,

De sucesso ou de esperança,

Nem a ânsia de provar que sou capaz

Já não quero nada mais,

Não me move a sede de justiça,

Meio corpo na areia movediça,

Sempre em frente, andando para trás...

Não é resiliência, tampouco é preguiça

É a taça do revés que já transborda

A última gota, que a mente não comporta,

O corpo que adoece, a paciência quebradiça

Tolerância é fumaça e desvanece,

É a depressão em seu pior estado,

Eu me sinto um robô desligado,

Alheio a tudo o que acontece.

Na redoma da tristeza enclausurado,

Já não é a morte minha irmã mais velha,

Nessa hora, então, não me aconselha:

Ronda, espreita e só espera o resultado.