Golpes No Peito
Quando o silêncio tristemente chora
Sinto suas lágrimas lívidas de sombra.
Revejo a flamejante pira da aurora,
Ígneo pranto que em mim tomba.
Semeio na terra dos esquecimentos,
Como um semeador de vãs ausências.
Os mais plangentes acentos
Que regurgitam trevas na existência.
Versos vicejam no colo do abismo,
O caos em absurdas coreografias.
Ao som estridente do lirismo
Componho tristonhas simetrias.
E com sangue escrevo este poema,
Consagrado num vil sacramento.
A dor pungente da amargura extrema
Espalhando melodias no meu sentimento.
Assim o amor em vibrações evola,
Sintetizando na projeção dos mitos,
Lágrimas, dum oceano que consola
Feridas inflamadas com gritos.
E nas catedrais onde o luar
Forja fantasmas ao som desta canção
Dançam murmúrios que sem ecoar
Golpeiam abismos no meu coração!