Golpes No Peito

Quando o silêncio tristemente chora

Sinto suas lágrimas lívidas de sombra.

Revejo a flamejante pira da aurora,

Ígneo pranto que em mim tomba.

Semeio na terra dos esquecimentos,

Como um semeador de vãs ausências.

Os mais plangentes acentos

Que regurgitam trevas na existência.

Versos vicejam no colo do abismo,

O caos em absurdas coreografias.

Ao som estridente do lirismo

Componho tristonhas simetrias.

E com sangue escrevo este poema,

Consagrado num vil sacramento.

A dor pungente da amargura extrema

Espalhando melodias no meu sentimento.

Assim o amor em vibrações evola,

Sintetizando na projeção dos mitos,

Lágrimas, dum oceano que consola

Feridas inflamadas com gritos.

E nas catedrais onde o luar

Forja fantasmas ao som desta canção

Dançam murmúrios que sem ecoar

Golpeiam abismos no meu coração!

Luis Felipe Saratt
Enviado por Luis Felipe Saratt em 15/09/2007
Reeditado em 05/10/2008
Código do texto: T653568