TEMPESTADE VERDE

TEMPESTADE VERDE

No fundo do teu verde olhar,

Vejo oceanos, imensos temporais,

Onde sereias em frenéticas danças,

Ensaiam passos deste amor fatal,

Para netuno, bocejante e triste.

Vejo cavaleiros alados sonhadores,

Sobre as nuvens virgens deste oceano,

Instransponível que não quer acalmar,

Somos homens a se perder em lutas,

Com dragões em fuga, e ventos glaciais.

Ninfas diabólicas em estéreis ilhas,

Eu vejo centopéias e fadas a sonharem,

Com príncipes medievais, primatas criaturas,

Em naves estranhas tentando conquistar,

A lua a lhe jogar luares.

De repente, vejo-me naufrago em teu oceano,

Estranho mar a me propor enganos,

Açoites e depois o beijo leve,

E as lagrimas do teu verde olhar,

Apenas tempestade e nada mais.

*J.L.BORGES