Soneto de alguma coisa amorosa
o sonho de todo poeta platônico
é ter sua musa em barro esculpida
no lápis tecida, com um sopro de vida
que surge um dia e o deixa atônito
já o pesadelo, terror do artista
é ter a musa real, viva, pulsante
que do nada vira fumaça, esvoaçante
some na vida, some da vista
portanto, caros confrades do ofício
saibam que não é fácil nem difícil
é simplesmente mágico ou trágico
a sina cardíaca do amor ilógico
de rezar para a musa esse sufrágio
enquanto se ri o cupido sádico