Soneto de alguma coisa amorosa

o sonho de todo poeta platônico

é ter sua musa em barro esculpida

no lápis tecida, com um sopro de vida

que surge um dia e o deixa atônito

já o pesadelo, terror do artista

é ter a musa real, viva, pulsante

que do nada vira fumaça, esvoaçante

some na vida, some da vista

portanto, caros confrades do ofício

saibam que não é fácil nem difícil

é simplesmente mágico ou trágico

a sina cardíaca do amor ilógico

de rezar para a musa esse sufrágio

enquanto se ri o cupido sádico

Lúcio de Moura
Enviado por Lúcio de Moura em 20/09/2007
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