O QUE ME RESTA

Folhas secas em meus passos.

Piso e ouço a dor do mundo.

estalos tristes;

tiros secos;

ritmo dos soluços;

choro rachado e desértico.

Nesse caminho,

como ninho abandonado,

há centenas de folhas gastas;

como asas quebradas,

que caem, como uma lágrima

expulsa do paraíso de seus olhos

O carinho seco aos meus pés,

é o que tenho agora.

Cobrindo os passos futuros.

Meu tempo estacionado.

As horas expostas em

um instante que não cicatriza

O que me resta são restos.

O que me sustenta são palhas.

Nenhum fogo há de queimar.

Trata-se de um mar de cinzas.

E nenhum vento há de levar,

pois veste o peso da saudade.

Vivo o outono, outrora,

estação datada no tempo,

Agora estacionado em mim.

Restos que roubam o chão

e deixam apenas a lembrança

que meu sim foi seu não.

Naldo Coutinho
Enviado por Naldo Coutinho em 04/11/2005
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