O REI ESCRAVO
Corro, fujo, desesperado!
Não consigo lutar, porque toda vez que me deparo com ela, me torno vulnerável.
A espada que eu carrego feito do minério mais forte da terra , forjada pelo os maiores ferreiros, não tem eficácia.
O escudo impenetrável que ergo em frente ao meu peito para me proteger das flechas venenosas, se tornam papéis baratos tirados de um caderno para fazer um barquinho, quando a encontro.
Olho para o chão e vejo pés que não pertencem a mim, cheios de lama, não aguento mais ficar em pé.
Como um último movimento, movo a cabeça, olho para trás e a vejo...
Não quero encará-la, pois sei que vou ter que mudar.
Mudar? Para melhor ou para pior, não importa.
Deixe-me assim, eu não quero mudar, mesmo que eu diga que queira.
Deixe- me acreditar que sou forte como uma montanha e que nada pode me abalar.
Deixe-me ser aquilo que os meus pais sonharam para mim, mesmo antes de eu poder sonhar.
Deixe-me ser o que as pessoas esperam de mim.
Deixe-me ser o rei cavaleiro a quem a todos impõem respeito, mata o dragão, e casa-se com a mulher mais bonita do vilarejo.
Rogo-te, não mostra-me o espelho.