Escrita e depressão
A escrivaninha chorava,
O bloco de papel aos poucos desbotados,
O tinteiro endurecia outra vez,
E o lápis seguia desapontado.
A cadeira uma vez solitária,
O livro sem mais ser tocado,
Meu Pincenê de descanso sem utilidade,
Quando deixei o manuscrito de lado.
Em meu peito resvalava à dor,
As personagens estavam sendo esquecidas,
A tristeza emoldurava meu rosto,
Quando desistir desta vida.
A borracha passei ao passado
E não escreveria outra vez,
E só queria esquece-me de tudo isso,
– As poesias, – esse poema, que um dia criei.
Agora sou um livro empoeirado na prateleira
Que talvez nunca mais será lido,
A gente vive pensando que é autor,
E não passa de um personagem esquecido.
(02.11.2016)