Escrita e depressão

A escrivaninha chorava,

O bloco de papel aos poucos desbotados,

O tinteiro endurecia outra vez,

E o lápis seguia desapontado.

A cadeira uma vez solitária,

O livro sem mais ser tocado,

Meu Pincenê de descanso sem utilidade,

Quando deixei o manuscrito de lado.

Em meu peito resvalava à dor,

As personagens estavam sendo esquecidas,

A tristeza emoldurava meu rosto,

Quando desistir desta vida.

A borracha passei ao passado

E não escreveria outra vez,

E só queria esquece-me de tudo isso,

– As poesias, – esse poema, que um dia criei.

Agora sou um livro empoeirado na prateleira

Que talvez nunca mais será lido,

A gente vive pensando que é autor,

E não passa de um personagem esquecido.

(02.11.2016)

Ari Poeta
Enviado por Ari Poeta em 29/10/2019
Reeditado em 06/11/2019
Código do texto: T6782279
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