VEM!

- Vem! Vem!

Tu me dizes com ternura

estendes-me a mão

seguro de que irei.

olho-te com olhos

de fadiga e ironia

cruzo os braços e sorrio.

- não vou!

não me apetece seguir-te

eu vivo sem-vontade.

para nascer, rasguei

o ventre de quem me deu luz

não! não repitas: “vem!”

prefiro cair na lama

ser farrapo, trapo

e arrastar meus pés cansados.

Eu não amo o que é fácil

eu amo o distante, a miragem

o deserto, o abismo.

não sintas pena de mim!

eu tenho a minha insanidade,

aprendi a andar na noite fria.

nunca tive pai nem protetor.

talvez, Deus me guie.

ninguém mais

minha vida é de tempestade

é uma onda que se levanta

eu desconheço os caminhos

mas não irei contigo.

Anna Liz
Enviado por Anna Liz em 14/01/2020
Código do texto: T6841408
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