Mutante

Na rua Batista de Oliveira,

tarde-noite em Juiz de Fora,

vi Arnaldo Dias Baptista passar.

Ao meu flanco esquerdo,

calçada chafariz,

vi Arnaldo Dias Baptista.

Mostrei ao meu irmão Fabrício Riff

que não viu.

Quem?

Arnaldo Dias Baptista, o mutante.

Ah...

Vai ali um mutante,

eu aqui, um instante impressionado,

parei e vi sua cabeleira escura.

Astronauta libertado na esquina depois.

Arnaldo Dias Baptista passou raspando eletricidade rente ao prédio encardido.

Mutante.

Entre buzinas, anacoretas,

fios telefônicos,

bancas de revistas absurdas.

E Arnaldo Dias Baptista vai adiante no seu galope circunspecto.

Vi um totem urbano?

Vi um vulto rock’n’roll?

Não,

Arnaldo Dias Baptista

é apenas mais um retrato

na galeria dos loucos

que não ouso ser.

Arnaldo Dias Baptista

não cumpriu seu papel

na tarde-noite obtusa.