Rapha Marcelino - Aceitar dos Outros

Eu fui roubado

Por quem teve o chão importado por mim,

Nunca leram os olhos

Que eu chorei como se fosse alérgico.

Dei as vossas balas ao corpo...

Julguei o gatilho visível,

Já o tinham disparado.

O vosso ânimo é ineficaz,

Não me deixam ser um com ele.

Pois é correr sempre atrás,

Ou fugir de um pesadelo.

Pois ardi a cada vez,

Em vez de me apagar aos poucos.

Eu sempre inchei por vocês,

E se mataram porquês

Como é que irei aceitar dos outros?

Eles quebram um laço se estás agarrado a ele,

Roubam toda a vitória que julgavas ter crescido.

Eles têm a carne,

Eu tenho a vida que resta,

Vem tudo isto de um peito

Que apanha a dor de trás por dentro.

Está tudo bem,

Vou jurar que não vos conheço,

Se o que tenho é roubado

Eu fico aqui

Até virar Faraó.

Ao menos fiquem numa cara,

Ou revelem as caras iguais.

Gema que tiram da clara,

No fim és só mais uma a mais.

E só me deram o leito,

Pedes que os que os encare aos poucos?

O mundo já me foi perfeito,

Se vivo para dar jeito,

Diz-me o que é que vou aceitar dos outros.

Eles não vão chegar a mim,

E eu não vou voltar p'ra eles.

E deixar-vos-ei em paz,

Para ter uma paz aos poucos.

Hoje os olhos estão atrás,

Vocês são o mesmo cabaz,

E eu nunca irei aceitar dos outros.

Isto vem de mim,

E eu não vou aceitar dos outros.

Rapha Marcelino
Enviado por Rapha Marcelino em 20/04/2020
Reeditado em 24/05/2020
Código do texto: T6923165
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