NEM TUDO É LINGUAGEM

Porque estou mudo tudo é silêncio

E os punhos sempre cerrados

uma hora cansam

Dor de homem é território

Em que nem o tempo pisa

É preciso saber aquele instante

Em que os olhos esquecidos

Se voltam para dentro do corpo

Como quem lê uma carta esperada

Ou enterra um sonho antigo

Essas coisas que marcam

E deixam certas raízes

Mas a ilusão de ser livre

É mais real que a liberdade

Tem dor que só passa com poesia

Tem dor que não passa.