sentimento permanente

É simples essa solidão, vai ao fundo se precipitando contra mim,

Vasta; e vazia; e imensa.

Relendo todas as loucuras de meus pequenos lamentos,

Estou aqui, jogado, largado, mal amado, ao pé da descrença tentando fugir,

A velha magoa brota, antigas flores que me deixam perdido em você,

Renasce a cega vontade de lhe ver, pelo bem dos encantos dessa minha vida,

O reino das pétalas caídas há de ser belo, e triste, e farto, num doce amargo em meu coração,

E o cantar dos pássaros inconsolados parecem reconfortar essa essência triste,

Reconforte-me com todo o brilho da sua existência,

Pois eu guardo devaneios de uma nova vida,

Sobre leitos vazios de um amor infecundado,

E a ânsia embrulha-se na sóbria visão desse amor em partida,

Não sobrou tanto, e ainda me estremece o naufrágio,

E da falta de você, há de vir a eternidade que me assombra,

Não! Não sou o suficiente, mais do que isso, não sou nada,

Que é quase como o tudo, mas o tudo é insignificante,

A insuficiência me machuca,

Toque de compaixão as lagrimas que me trás,

Eu tenho de ser sincero com meus sentimentos,

Trate minha insensatez como apenas um infortúnio,

Desabrigue-me dessa minha pele maldita e esqueça tudo,

Eu não vou carregar o corpo morto que é o peso da minha própria existência,

Quero gritar num espanto de euforia todas as agonias,

Desfazer-me do verme que manchou minha pele depois de sangrar,

Pois aqui onde meu coração se fez triste,

As flores sempre voltam á florescer, e as pétalas voltam á cair,

É o processo de permanência absoluta em que tu existes em mim,

Mas eu ficarei só, longe da tua fala, longe dos teus olhos aos quais os meus fogem envergonhados, e voltam a suplicar-lhes numa sede de desertos vazios,

Esse peito palpita duvidas melancólicas sobre a luz do luar,

Esse coração parece cada vez mais vendido,

Deito tudo para fora, deito-me rendido pelas mais frias possibilidades,

Deito buscando afagar essa magoa, e apagar... E apagar...