Ausência Íntima

Silenciar dores que falam

Idiomas de abismo.

Sim e ser poeta,

Arrancar das trevas

A melancolia atroz,

Com voz de verão.

Música de miragens

Embalando meu anseio

De ser amado.

Quero que a carne

Abrigue em seus poros

Meu sonho dileto.

De ser beijado

E acariciado

Por virgindades mortas.

Serei a angústia

Rasgando o ritmo dos versos

Num infindável frêmito

De ilusões em ruínas.

Assim meu viver escorre

Em dores e agonias.

Agonizam, alimentando-se

De meus cansaços,

Explodindo em pólens,

Flores de urânio!

Recordarei ainda o beijo

Que me sangrou o peito

Soando canção extinta;

Colo quente da fêmea

Que jamais terei!

Luis Felipe Saratt
Enviado por Luis Felipe Saratt em 21/10/2007
Reeditado em 05/10/2008
Código do texto: T703038