Ausência Íntima
Silenciar dores que falam
Idiomas de abismo.
Sim e ser poeta,
Arrancar das trevas
A melancolia atroz,
Com voz de verão.
Música de miragens
Embalando meu anseio
De ser amado.
Quero que a carne
Abrigue em seus poros
Meu sonho dileto.
De ser beijado
E acariciado
Por virgindades mortas.
Serei a angústia
Rasgando o ritmo dos versos
Num infindável frêmito
De ilusões em ruínas.
Assim meu viver escorre
Em dores e agonias.
Agonizam, alimentando-se
De meus cansaços,
Explodindo em pólens,
Flores de urânio!
Recordarei ainda o beijo
Que me sangrou o peito
Soando canção extinta;
Colo quente da fêmea
Que jamais terei!