Soneto (Sim, é verdade que a morte já cobre)
Sim, é verdade que a morte já cobre
de negra bruma meu rosto
e devora meu ser, vital ser do desgosto
que há muito já não é forte!
Sinto minha pálpebra já desfalecer,
este corpo que há muito não repousa, esmorecer.
E demente vejo, desdentada e tentadora,
Aquela que és maldita, como sempre fora.
Perdi a esperança do amor que tive,
Da saudade que entrara – sempre vil! –
Em meu peito ardente que mantive
entristecido, ensandecido. Meu adeus
Agora a todos que nunca me viram e
àquela que, por ela, fecharei os olhos meus.
Mayke Rezende