Eu...

Eu sou aquele que você gostou de pronto

porque sorrio e meu sorriso é sincero

porque digo as verdades mais idiotas

e ditas por mim elas trajam gala

como que vestidas para um baile na Ilha Fiscal

porque sou frio e doce na medida certa

e meu sabor acre vem de um fermentado fino

que embriaga mas não desorganiza as idéias

porque dou o peito para a sua cabeça apoiar

e acaricio seus cabelos como os de uma criança

porque sou homem e lhe faço uma mulher de verdade

sobre os lençóis e sob um banho de suor

Eu sou aquele que você odiou depois

porque a sinceridade é odiosa na essência

porque as minhas verdades são lugar-comum

e deveriam ser preteridas por mentiras

enfeitadas para um baile de carnaval

porque a medida certa está nos gostos desmedidos

como o amargo, o azedo e o destilado

que leva sua cabeça às nuvens para despencar lá de cima

porque o meu peito é peludo demais

ou pouco peludo, tanto faz, você quer motivos

porque o homem de verdade não sou eu

que faço o que você gosta... Por que prazer?

Eu sou aquele que você quis mudar

e, então, eu me mudei de você

Márcio Ribeiro
Enviado por Márcio Ribeiro em 30/10/2007
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