Eu...
Eu sou aquele que você gostou de pronto
porque sorrio e meu sorriso é sincero
porque digo as verdades mais idiotas
e ditas por mim elas trajam gala
como que vestidas para um baile na Ilha Fiscal
porque sou frio e doce na medida certa
e meu sabor acre vem de um fermentado fino
que embriaga mas não desorganiza as idéias
porque dou o peito para a sua cabeça apoiar
e acaricio seus cabelos como os de uma criança
porque sou homem e lhe faço uma mulher de verdade
sobre os lençóis e sob um banho de suor
Eu sou aquele que você odiou depois
porque a sinceridade é odiosa na essência
porque as minhas verdades são lugar-comum
e deveriam ser preteridas por mentiras
enfeitadas para um baile de carnaval
porque a medida certa está nos gostos desmedidos
como o amargo, o azedo e o destilado
que leva sua cabeça às nuvens para despencar lá de cima
porque o meu peito é peludo demais
ou pouco peludo, tanto faz, você quer motivos
porque o homem de verdade não sou eu
que faço o que você gosta... Por que prazer?
Eu sou aquele que você quis mudar
e, então, eu me mudei de você