O CHORO NOSSO DE CADA DIA

Choro porque não posso arrancar os olhos

Choro porque já me joguei ao chão

Choro porque sinto dor e ela não passa

Choro porque o corpo arde e corto a pele para sentir menos

Choro porque a alma sangra

Choro porque, levianamente, boicoto o que sinto

Choro porque não sei fazer outra coisa

Choro porque sei que não há e não pode existir mudança

Choro porque não posso e não desejo fazer nada

Choro porque muitas pessoas não têm o pão

Choro porque somos culpados

Choro porque tenho ciência das poucas mudanças

Choro porque amo a chuva e o sol

Choro porque não sei dançar

Choro porque colocaram um saxofone dentro de mim

Choro por amor

Choro sem amor

Choro pelas poesias singelas que faço

Choro através do trabalho que realizo

Choro devido à distância da morte e a vida me incomoda

Choro diante de circunstâncias que não entendo

Choro pelo simples fato de ser e sentir a humanidade

Choro tal como homens e mulheres que amam demais

Choro, pois as lágrimas lavam minha alma e me deixam momentaneamente feliz.

Lúcio Alves de Barros