CORPO VAZIO

Fiquei farta do meu corpo frívolo e presunçoso

Nunca me obedeceu

Sempre foi estúpido vazio e vaidoso

Procurei um jardim abandonado e sombrio

Avistei ao fundo num recanto escondido

Um banco tristonho e frio

Com frondosas copas servindo de teto.

Nele abandonei o meu estorvo

Na esperança que as folhas caídas

Lhe dessem uma decente sepultura

Por ironia do destino

As folhas resvalavam para o chão

E foram os pássaros que nele fizeram seu ninho.

Veio a cobra o lagarto o gato e o cão

Lamberam lhe o rosto num gesto de carinho.

O corpo estava frio e rijo calejado pela amargura

Nenhum trejeito, nenhum movimento

Foi-se a alegria, foi-se o riso

Foi-se a alma e o sentimento

Foi-se a menina e a mulher

A boa vontade, a generosidade a a gentileza

Valores lindos tratados com frieza

Jogados no lixo numa lixeira qualquer.

Aquele corpo, foi o invólucro dum grande amor

E nele morou a alma pura duma princesa

Infrutiferamente não encontrou o que almejou

Apenas um caminho pejado de arrogância e dor!

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©Maria Dulce Leitao Reis

26/04/15

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 27/04/2021
Código do texto: T7242678
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