Só
Sinto no escuro silencioso,
nas sombras sem fim de toda noite,
O peito farto, ansioso, belicoso,
cansado. Atormentado por açoite.
Que ingenuidade acreditar
que tudo seria diferente
que tinha direito ao amor,
que acabaria, enfim, toda dor.
O sorriso, hoje, insulta
o carinho faz sofrer
cada pincelada no quadro avulta,
o que deixou de ser um querer.
As nuvens continuam a castelar,
o vento sopra, faz lembrar:
o que sei ser melhor esquecer.