AINDA HÁ ESPERANÇA?

O céu escuro guarnece a tempestade
Que se forma num tácito sussurrar cinzento
Onde as nuvens pesadamente se aglomeram
Num deslizar quase imperceptível.

Os pássaros cantam
Voando de um lado para o outro
Buscando encontrar abrigo
Nas árvores alheias ao passo do vento.

Tudo parece normal
O vai e vem da corrente sanguínea
Segue o fluxo
Inerte
Absorto à intempérie sobre as suas têmporas
Mas por um curto espaço tempo
Só até o primeiro pingo d'água
Tocar a pele nua
Dos seus olhos ensurdecidos.

E então
Agitação total!

A preocupação é tão supérflua
Quanto banal
Cada umbigo com o seu próprio dono
Numa busca insana
Pelo ponto mais alto do ego
Desgrenhando-se uns aos outros
Por um espaço maior sob a marquise.

O céu chora!

— Ainda há um resquício de esperança para humanidade?

Indaga o sol
Entre as cortinas de pesadas nuvens
Que gentilmente choram
Regando o solo infértil
Das epidermis envaidecidas
Com o seu próprio desamor.

— Ainda há!

Responde a chuva
Chorosa em seu tilintar.

— Ainda há!
Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 01/06/2021
Código do texto: T7268969
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