Casa
Ruas podres de esgoto aberto
As crianças correm sobre ratos mortos
Luzes azuis e vermelhas estão sempre perto
Sempre atrasadas carregam apenas corpos
Nas vielas as meninas anoréxicas tremem de frio
Vomitariam parte do estômago
Se tal ato chamasse a atenção dos meninos
Nem maquiagem faz seus rostos parecerem sadios
Nas calçadas garotos imundos de alma
Criados à violência dentro de casa
Brigam na rua para se resolverem
De outros métodos não conhecem nada
Nos barracos brigas domésticas
Grandes garotos imundos covardes
Grandes meninas anoréxicas que usam muita maquiagem
Já não mais pela estética
Nos becos os velhos drogados
Observam com seus olhos vermelhos os passantes
Vivendo emersos em seu mundo distante
Drogam-se pois a realidade possui um sabor amargo
Há apenas a pobreza extrema na estrutura e na aura
Os ali nascidos ali irão morrer
Assim existe no olhar dos garotos perdidos certa calma
Pois jamais precisarão crescer
Em solos podres flores nunca irão florescer
E os raros ali nascidos jovens sonhadores
Estarão cinzas antes que possam perceber
Em solos podres cores nunca irão sobreviver
Se havia em meio as personalidades do esgoto
Um pequeno grupo de jovens sonhadores garotos
É agora apenas velho e mal cheiroso lodo
É fácil para a escuridão matar um broto
E se aos olhos de estranhos parece uma realidade brutal
Aos ali crescidos é estar em casa, é normal
É bem verdade que caso conseguissem escapar inferno
Até os demônios sentiriam falta do fogo eterno