Julgamento

Meritíssimo, eu imploro clemência!

Agi no furor da emoção

E se meu delito, de tão abominável

Não merece defesa

Que me sobrevenha então a sentença

Pois seja lá o que me espera

A forca ou a masmorra

Nenhuma superará a dor

Do arrependimento tardio

Degola-me ou me confine até o fim dos meus dias

Se isto sacia sua sede de justiça

Mas saiba que minha pobre cabeça

Já decepada do corpo, ainda sorriria

E meus olhos turvos, confinados ao ermo

Ainda brilhariam

Se isto aplacasse a dor da mágoa

De uma vida inteira desvalida

Vera Vitório
Enviado por Vera Vitório em 28/07/2021
Reeditado em 07/05/2022
Código do texto: T7309467
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