Julgamento
Meritíssimo, eu imploro clemência!
Agi no furor da emoção
E se meu delito, de tão abominável
Não merece defesa
Que me sobrevenha então a sentença
Pois seja lá o que me espera
A forca ou a masmorra
Nenhuma superará a dor
Do arrependimento tardio
Degola-me ou me confine até o fim dos meus dias
Se isto sacia sua sede de justiça
Mas saiba que minha pobre cabeça
Já decepada do corpo, ainda sorriria
E meus olhos turvos, confinados ao ermo
Ainda brilhariam
Se isto aplacasse a dor da mágoa
De uma vida inteira desvalida