E AGORA JOSÉ?

E AGORA JOSÉ?

Carlos Roberto Martins de Souza

Com a alta inexplicável da gasolina

Estamos vendo o retorno da lenha

Da saudosa e respeitada lamparina

Viver a vida está sendo uma senha

Passar a roupa vai ser item de luxo

Só ferro aquecido na base da brasa

A preocupação do pobre é seu bucho

Ficar no prejuízo preso em sua casa

Políticos tem os seus Vales Gasolina

Da fumaça não conhecem nem fogão

O pau de lenha não é parte da rotina

Eles têm esmalte e não calos na mão

Nós vamos ver o cidadão sendo preso

Por ir ao mato buscar seu combustível

O crime ambiental é um grande peso

Ser condenado por fome é algo terrível

Se correr a polícia chega e te prende

Se ficar a fome vai te matar sem dó

São as coisas que ninguém entende

Ir para cadeia ou na sepultura virar pó

A fome não manda recados escritos

Não assina cheque ou a promissória

Vivemos em tempos duros e malditos

Somos vítimas de nossa dura história

Sobre o fogão de lenha o guerreiro

Vai ter o varal de arame pendurado

Com carne de porco no fumaceiro

Que a sua fumaça fará perfumando

A nobre lenha vai salvar muita gente

Cozinhar ferver a água do tal banho

O fogão a lenha vai voltar de valente

Vai ser do pobre seu grande ganho

Tá tudo errado no Brasil! E agora José?

Prometeram melhorar, a coisa só piorou

Pelo visto estão te fazendo de Zé Mané

E veio o pior do que tá, não fica! Ficou!

O lugar de tacho e da panela de ferro

És tu o velho e bravo fogão de lenha!

Vamos ver sua volta triunfal no berro

Antes que com as lutas a morte venha

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 19/09/2021
Código do texto: T7345631
Classificação de conteúdo: seguro