de roupa velha

de roupa velha

Lembro da vez que banhava meus pés no salgueiro da água e pensava na sua risada.

Sentia o aperto da roupa que só você afrouxava, deixando despido meu coração.

Vejo de olhos abertos além da jangada, não posso tocar é verdade, você ficou além da escada.

Escondia de mim e da vida o meu sentimento, estou tão descoberto e refém da pedante alucinação.

Tento encerrar o quebra cabeças de minha alma, vejo e percebo o precipício, não sei se os pés ficarão na beirada.

Podia jurar mentiras ao descontentamento, engraçado é faltar na ponta do lápis inspiração.

Anseio tirar do armário a roupa nova guardada, só não sei se o corpo ainda quer usá-la na solitária estrada.

Impedia o amor de seus contratempos, na salada triste de palavras, restou a contradição.

M. Bueno