Tudo é perdição

A dor de perdê-la é-me tão grande que me arte

o peito, o peito… Ai! Tenho ainda coração?

Seu significado é tão pobre sem razão!

Errei em ir contra o amor, sei agora é tarde.

Ela é de outro, a visão me denunciou ao vê-la

alegre, estupenda ao longe e por ele perdida;

dói-me, pois demorou encontrá-la na vida,

quando encontro, não a tenho… Some-se a estrela!

Sei que existe amor, sei que existe sentimento!

Quase filosofei, quase amei, quase encanto…

Foi-me tão forte e tão rápido… Foi espanto!

Foi-me tão real, tão sincero o firmamento,

porém aprendi que na vida tudo morre:

o amor, o sentimento, a razão, a própria alma;

a paciência, a dor, o desejo e a nossa calma…

Tudo é supérfluo e tão mesquinho que escorre,

porque o ser humano é jogador e complica

seu próprio tabuleiro e depois, já vencido,

é que cala no chão e chora deprimido…

A perdi…, mas o que importa? Que me implica?

Hoje, amo-a na mente e tenho nojo dela!

É lama… A sua carne estraga me corrompe,

aquela vida sem decisão me interrompe…

Tanto que admirei… Parecia aura bela!

Mas percebi o quão é fraca, o quão é indefinida.

Vida, vida, vida… Enganou-me novamente!

Que exploda a vida, que exploda tudo… A mente!

Vida desgraçada… Ai! Minh’alma está perdida!

Está sofrida, está no cosmos da ilusão!

Quero o martelo de Nietzsche para sozinho

explodir meu pensar, buscar novo caminho:

novamente entender que tudo é perdição!

Maranhão, 18 de outubro de 2005.

Castraleuca
Enviado por Castraleuca em 09/12/2021
Código do texto: T7403807
Classificação de conteúdo: seguro