Pensamentos presos

XLIV

Todos os dias iguais

mas hoje diferente

a aflição frivola não é fatal

é apenas queixume de gente.

Penso mais do que as palavras

que as não sei dizer

redomuinho de ideias sábias

sem lugar no que quero escrever.

Procuro ajustar as palavras á ideia

e nos dedos fica apenas a frustração

de quem sabe pensar mas a arte escaceia

e os rascunhos, uma ingénua confusão.

Não me identifico com a voz

quando leem aquilo que sou

não existo em palavras sós

meus versos não têm o toque que lhes dou.

Faço borrões de tinta á toa

palavras sem significado, contrárias,

ajusto os dedos e o pensamento voa

em caligrafias de negações várias.

Este mau estar onde estou,

minha elequencia vazia

e o dizer que por debaixo da lingua ficou

comandam a minha teimosia.

Bem sei que tudo isto é um sonho

querer escrever meus sentimentos

se no papel não posso, onde os ponho?

É um tormento não saber destilar pensamentos.

miguel lopes

miguel lopes
Enviado por miguel lopes em 24/11/2005
Reeditado em 29/12/2006
Código do texto: T75715