Instantâneo
O tempo passa
E nada jamais será igual
O ontem se foi e deixou saudades
E saudades sentirei de hoje, quando o amanhã chegar
Mas nem por isso um só segundo vai voltar...
As pessoas também passam
Mas deixam portas abertas, espiam pelas frestas
Dos meus sentimentos, invadem meu coração
Sem nunca avisar quando vem ou quando vão...
Apenas passam.
Se pudesse, guardaria suas presenças
Como uma foto instantânea, capturando pra sempre
Toda a alegria e emoção que me trouxeram
Mas na impossibilidade, eu guardo na lembrança
Os momentos reais do amor que me deram
E deixo que partam.
Nada é definitivo, só o transcorrer imutável das horas
Que por mais que eu tente, não consigo deter
Assim como a presença tão palpável da ausência
E essa melancolia que me permito, condescendência
De anos e anos de solidão...
Tudo é tão efêmero e inconstante em minha vida...
Só meus atos para muda-la é que não mudam coisa alguma
Mas não é como se já não houvesse esperança
É mais como se eu fosse uma pequena criança
Brincando à margem de um calmo e vasto lago...
E cada pedrinha lançada na superfície lisa como vidro
Ondeasse levemente, por um instante incerto e vago
Desaparecendo em seguida nas profundezas d'água
Como se jamais houvesse existido...