Meu amor se foi com o vento...

Maria Antônia Canavezi Scarpa

Quando a manhã debruçou em mim imperiosa

eu já sabia que algo havia acontecido,

fiquei com medo das respostas, assim me calei;

entediada com a brisa que me esbofeteava bravia,

nada ousei questionar...

No ar um aroma de perdas, rabiscava os espaços

fazendo questão de me fazer sentir,

a mistura dos olores almiscarados da malva

ao doce e inebriado anisete...

O amor, mesmo triste é doce e benfazejo

As impressões que ficam quando ele se vai

não são efêmeras, nem se perpetuam...

mas ferem e sangram

ainda que a pele possa parecer translúcida,

gemem se a transpassam, com o alfinete algoz do abandono

Se o vento vem para o levar; na sua jornada,

vai aliciando junto, as desilusões,

não permitindo que se tenha tempo para mais nada,

age rápido com a sua presa, tem pressa de chegar

onde reina, nas profundezas etéreas...

Resta somente, abrir a janela, na sua plenitude

olhar o glamour desse guerreiro em sua carruagem suntuosa,

onde carrega sentado e silencioso, o meu amor desfeito

que sem emoções ou acenos, se vai

para ser, a partir de agora, o meu desafeto...

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 07/12/2007
Código do texto: T767843
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.