Meu amor se foi com o vento...
Maria Antônia Canavezi Scarpa
Quando a manhã debruçou em mim imperiosa
eu já sabia que algo havia acontecido,
fiquei com medo das respostas, assim me calei;
entediada com a brisa que me esbofeteava bravia,
nada ousei questionar...
No ar um aroma de perdas, rabiscava os espaços
fazendo questão de me fazer sentir,
a mistura dos olores almiscarados da malva
ao doce e inebriado anisete...
O amor, mesmo triste é doce e benfazejo
As impressões que ficam quando ele se vai
não são efêmeras, nem se perpetuam...
mas ferem e sangram
ainda que a pele possa parecer translúcida,
gemem se a transpassam, com o alfinete algoz do abandono
Se o vento vem para o levar; na sua jornada,
vai aliciando junto, as desilusões,
não permitindo que se tenha tempo para mais nada,
age rápido com a sua presa, tem pressa de chegar
onde reina, nas profundezas etéreas...
Resta somente, abrir a janela, na sua plenitude
olhar o glamour desse guerreiro em sua carruagem suntuosa,
onde carrega sentado e silencioso, o meu amor desfeito
que sem emoções ou acenos, se vai
para ser, a partir de agora, o meu desafeto...