Molhar-se na chuva.

Porém,

Sendo a vida

Essa folha que flutua só

Contudo, há sempre mais

Quase sempre qual se fossem pétalas

Entretanto, cada qual há de consolidar

Sua matiz, refletida em espelhos d'água

Crisálidas em borboletas

Quase sempre em pálidos azuis

Quase nunca vem chorar a despedida

Alma feliz

Se fez ou não entrar a luz

De sol contida

No arco íris de cristal, partida

Essa, que permite ou não deixar raízes

Coisas que a vaidade faz às existências

Nisso consiste o mistério da vida

As flores quase nunca sentem medo, se escurece

A ausência da certeza

Só no coração reside

Há sempre espinhos

E sol e chuva e terra e paz

Todavia, em seu caminho a vida os traz e cresce

Apesar de todos os pesares

Porquanto, todos tem por certo

O infarto de querer, decerto não sabe-los

De provar-lhe as dores

Flores, cujas pétalas não caem

Vidas que não se desfolham

Que não saem à chuva, nem se molham

Não carecem ser chamadas flores

Não obstante às escolhas

Vida sem espinho sincero

Não merece ser chamada vida

Nem mesmo por mero instante.

Edson Ricardo Paiva.