Coração de poeta

Oh, coração de ânsia inquieta,

Sossega só um minutinho.

Já és louco, pra que vinho?

Pois nada consola um poeta.

Cala-te um pouco, sossega!

A vida se vive e sofre,

Ambos numa mesma estrofe,

Sofrer é viver à regra.

Esquece o murmúrio e o grito,

Sim, esquece o riso e o choro!

Um é falso, é de apavoro;

O outro é real, mas omito.

Não pense em nada, não pense!

Pensar é culto à mentira...

O peito que tende à lira

É um perdedor que vence!

Esse ardor, pra que sentí-lo?

Se és luz, também mariposa;

Busca eterna e indecorosa.

- Que se dane. Sê tranquilo!