Faz a imaginação de um bem amado,

Que nele se transforme o peito amante;

Daqui vem, que a minha alma delirante

Se não distingue já do meu cuidado.

 

Nesta doce loucura arrebatado

Anarda cuido ver, bem que distante;

Mas ao passo, que a busco, neste instante

Me vejo no meu mal desenganado.

 

Pois se Anarda em mim vive, e eu nela vivo,

E por força da idéia me converto

Na bela causa de meu fogo ativo;

 

Como nas tristes lágrimas, que verto,

Ao querer contrastar seu gênio esquivo,

Tão longe dela estou, e estou tão perto.