À Toa

Silêncio meus poetas, canto-vos um fado

que nasce das minhas mãos, vazias e gastas

pois nada mais me liga, ao frio do passado

àquelas velhas mágoas, que choram as desgraças.

Que a vida quando dói, não pára de doer

e a Alma cansada, entrega-se vencida

digo adeus sem despedida, que fica por dizer

num cais d'águas paradas, tristes; proibidas.

Deixarei meu fado, nos braços da saudade

na memória dos teus olhos, feridos e vazios

sigo à mercê do tempo, do vento e da idade

com esperança digo adeus, e as mãos cheias de frio.

(Para o Fado Nóquinhas)