TU
De muitas diferenças,
De muitos indiferentes,
Tu és tanto indiferente
Às tuas tantas diferenças...
Confio-me a ti, ó terra amada
Que salve salve salve salve minha pele.
Sou teu povo norte sul oeste leste
Vivendo de esperança desenganada.
Nossos rios de hoje não têm mais botos,
Os rios todos viraram esgoto.
Os morros outrora verdejantes
Têm favelas, não mais árvores como antes.
As favelas espalhadas, mais de mil,
Abrigam teu povo nobre varonil
Extorquido, ultrajado, braço forte,
Que desafia, peito aberto, a própria sorte.
Quando deixarás de ser tão excêntrico?
Gigante adormecido em berço esplêndido?
Quando tu serás de fato paizão
E darás aos filhos teus educação?
Este teu povo aguarda em canga
Ouvir o próprio grito do Ipiranga.
Tu és país do futebol
Mas noturno, cantas como o rouxinol.