Desencanto

Ao amigo Renê Sena

A vida é assim: um imenso devaneio.

Em vão se passa: nada aqui perdura.

A minha crença fugiu-me do seio

Nos descaminhos dessa estrada escura.

Meus lábios fingem um sorriso (pálido)

Mas os meus olhos já choraram tanto,

Que o rio das lágrimas ficou esquálido

E a indiferença inundou meu canto.

Tenho comigo uma visão do mundo

Às vezes foge-me, mas nunca esqueço.

Há pouco eu quis participar... No fundo

Me desencontro e até me desconheço.

No violão e na música me embriago,

Chego a sentir o perfume da esperança.

Mas o que faz-me rir, um riso largo,

É o jeito cândido de uma criança!

Humberto Cláudio
Enviado por Humberto Cláudio em 25/04/2024
Código do texto: T8049605
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