CARTAS PARA MIM
No silêncio da noite, com chuvas sombria,
Sinto-me só, comendo somente comida fria,
Escrevo cartas para mim, num tom de agonia,
Ressuscitando memórias de dor e melancolia.
A primeira carta é um lamento, da infância esquecida,
Como ao muchar de uma margarida,
Falo dos medos ocultos, da solidão escondida,
E dos monstros que habitavam, a alma ferida.
Na segunda, um jovem perdido, coração em desespero,
Sonhos despedaçados, amor falso e efêmero,
Escrevo sobre traições, sem nenhuma voz sair
E dos gritos silenciados que existe em mim
A terceira carta é de batalhas, noites sem alvorecer,
Travo guerras internas, sem ninguém a perceber,
Falo de cicatrizes, que o tempo não vai esquecer,
Como corro a batalha sabendo que vou perder
Na quarta, o presente se revela, um eco sombrio,
Trazendo sempre um enorme vazio.
Rostos sem expressão, em um mundo hostil
E a paz que se desfez, como um sopro tardio.
Escrevo cartas para mim, para sempre lembrar,
Pontes que ligam o hoje para eu não mudar,
Esse mundo é dor, não tem esperança,
Mas nunca deixo de acreditar feito criança.
Fecho as cartas com cuidado, no baú das tristezas,
Guardo-as como lembranças, de antigas fraquezas,
Pois cada carta, é um espelho em que vejo a mudança
Como amadureci e me tornei esperança.
Termino essa carta com um sorriso,
sofri, lutei, chorei, mas foi preciso,
Apesar de um mundo cheio de dor,
Nunca deixei de acreditar no AMOR.