Fugaz
Maria Antônia Canavezi Scarpa
Aconteceu,vivi um amor na correnteza;
forte, foi me carregando
até que eu parasse numa emboscada.
Mergulhei tão fundo nessas águas
senti as dores de ser jogada nas pedras frias
me arrebentar espalhando ao longo das margens
todos os meus devaneios
no afã de sobreviver, submergir sem me afogar
quanto mais me debatia, maior era o caos que se formava....
Mesmo sem ondas essas águas turbulentas,
me fizeram derivar na sua força gelada;
dando braçadas rígidas, senti medo,
implorei ser resgatada, mas não havia ninguém,
especialmente quem me içasse
e me trouxesse para a relva macia, falasse comigo,
me acalmasse, tudo aconteceu rápido
durou menos que um dia essa paixão
e se transformou numa íngreme jornada...
Fiquei de mãos vazias, um coração esmorecido,
cheio de esperanças; queria que voltassem os beijos
o amor perdido ao longo dessa estrada;
que o destino traiçoeiro, pintou multicolorido;
na paisagem, desabrochou as flores, ornou-a de seixos,
regou de perfume, toda a sua estada
e quando nos entregamos, deixou que,
o trinado doce dos pássaros, respingassem mel na minha boca
quando me beijou apaixonado...
Senti o breve prazer da sua companhia
me aquietei ao som da natureza e de suas mentiras,
ao recordar esse sentimento há tanto guardado,
revolvido sem pressa, a revelia, pela sua insistência.
AH!Quanto me doei, cedi, descumpri todas as regras
e você me levou para a encosta e sem dó,
dizendo que tudo era inesquecível, que eu o fiz feliz,
como nunca tinha sido, olhou nos meus olhos
me empurrou para essas águas geladas
observando eu morrer de saudades...