Ode ao olhar

Um cego abriu seus olhos

quando viu a natureza,

pintada a mão e esculpida a talho,

um imenso oceano se via no orvalho

Nos cascalhos esparramados ao chão

imaginava um rochedo intrasponível,

ouvia-se com clareza

a voz macia da mãe-natureza

Sentia firmeza naquilo que via

queria poder não mais fechar os olhos

queria pra sempre viver a contemplar

a mistura banal de terra, aguá e ar

Um poeta abriu seus olhos

quando conheceu o amor

sem pintura e sem rosto

um abismo imenso lançado ao desgosto

Nas tranças esvoaçadas ao vento

imaginava um único fio de cabelo

sentia-se um arrepio

pela morte ainda viva por um fio

Sem firmeza, apoiava-se ao relento

queria nunca ter estado ali

queria pra sempre apagar da lembrança

a mistura fatal de ódio e vingança

Da menor semelhança

a maior diferença,

apreciar a beleza por poder enxergar

esquecer-se dela por simplesmente amar...

Vifrett
Enviado por Vifrett em 25/01/2008
Código do texto: T832336